Economia
Na contramão dos grandes bancos, Sicredi abrirá 400 agências até 2020
Uma das cooperativas de crédito líderes no País, a Sicredi está indo na contramão dos grandes bancos ao abrir agências em vários Estados do País, em vez de fechá-las. De acordo com o presidente nacional do Sicredi, Manfred Dasenbrock, serão abertas 400 agências entre 2019 e 2020. Somente nos primeiros nove meses do ano, de acordo com o Banco Central, os cinco grandes bancos – Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander – fecharam 630 agências no País.
As cooperativas, unidas, são hoje o sexto maior banco do País. Segundo estudo de 2017 da consultoria Roland Berger, o Sicredi disputa a liderança de mercado do segmento com o Sicoob. Com sede no Rio Grande do Sul, o Sicredi tem 4,5 milhões de clientes, ativos de quase R$ 100 bilhões e carteira de crédito de R$ 60,8 bilhões. A companhia está presente em 22 Estados e no Distrito Federal, com 1,7 mil agências. Se cumprir a meta estabelecida, fechará 2020 com 2,1 mil.
Para Dasenbrock, a opção pela continuidade da expansão está relacionada tanto à demanda do cliente da instituição quanto à necessidade do Sicredi de seguir crescendo em regiões nas quais ainda tem pouca representatividade. Tradicionalmente, diz ele, o banco se expandiu nos grandes polos de agronegócio, mas agora quer se desvencilhar dessa associação, crescendo em centros urbanos.
Embora na Região Sudeste a presença do Sicredi ainda seja discreta, Dasenbrock diz que a cooperativa já tem a maior rede física de atendimento em quatro Estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A cooperativa é a segunda colocada em concessão de crédito rural no País, atrás do BB.
O presidente da Roland Berger no Brasil, Antonio Bernardo, afirma que a fatia dos bancos cooperativos no País ainda é baixa, de cerca de 3% dos depósitos. “Essa proporção é de 63% na França, de 35% na Holanda e de 21% na Alemanha”, explica o executivo. Entre as instituições que tiveram origem nas cooperativas agrícolas estão Credit Agricole (França) e Rabobank (Holanda).
Na Alemanha, os dois maiores bancos cooperativas passaram por uma fusão em 2016, criando o DZ Bank. É algo que Bernardo afirma que poderia ocorrer no Brasil, com a união de Sicredi e Sicoob. “A economia com esse movimento poderia gerar uma sinergia de 25%”, diz.
Juntos, os bancos cooperativas também poderiam tentar reduzir as desvantagens que têm em relação aos concorrentes tradicionais. Hoje, segundo a Roland Berger, Sicredi e Sicoob têm cerca de 2,3 mil correntistas por agência, enquanto bancos comuns têm entre 5 mil e 6 mil. O volume de vendas também representa cerca da metade do total das instituições tradicionais.
Único banco
Enquanto o BB liderou o fechamento de agências no País nos primeiros nove meses de 2019, com cerca de 50% dos encerramentos de pontos de atendimento, o Sicredi vem crescendo de olho nas pequenas e médias cidades, de acordo com Dasenbrock. “Em mais de 200 municípios, somos a única opção de serviços financeiros”, diz o executivo.
As cooperativas estão sujeitas a regulações do Banco Central. Esse tipo de instituição é protegida pelo Fundo Garantidor das Cooperativas, que garante a mesma proteção da poupança de até R$ 250 mil aos clientes. “Diria que os bancos de cooperativas tendem a ser até mais conservadores do que os digitais”, diz Bernardo, da Roland Berger.
O Sicredi também entrou na onda dos bancos digitais, com a plataforma Woop, que oferece conta corrente, cartão de crédito e pagamentos. Por enquanto, trata-se de um projeto incipiente. Enquanto bancos digitais como o Nubank já passaram da marca de 10 milhões de clientes, o Woop, por enquanto, tem menos de 100 mil correntistas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.