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Economia

Juro baixo impulsionou recorde no porcentual de família endividada

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Juros de empréstimos caem, mas ainda não voltam ao nível pré-crise

O nível recorde do porcentual de famílias com dívidas, registrado em dezembro pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira, 9, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi impulsionado pelos patamares historicamente baixos dos juros e sinaliza uma recuperação da economia via consumo. A análise é de Marianne Hanson, economista da CNC, que agora espera um avanço do crédito impulsionado por emprego e renda.

Segundo a Peic, o porcentual de famílias com dívidas aumentou 0,5 ponto em dezembro ante novembro de 2019, para 65,6%, maior patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2010.

Embora possa sinalizar para um excesso de endividamento, a leitura da Peic de dezembro é positiva porque os níveis de inadimplência se mantiveram comportados e o comprometimento médio da renda com dívidas não cresceu significativamente, disse Hanson.

Apesar dos spreads elevados, a queda histórica dos juros – a taxa básica Selic atingiu 4,5% ao ano em 11 de dezembro, menor nível da história – se refletiu em reduções nas taxas em todas as modalidades de crédito, lembrou a economista da CNC. Isso tem impulsionado o crescimento das concessões de crédito e o alongamento dos prazos, reduzindo o valor médio das prestações, especialmente na compra de bens duráveis.

“Há uma demanda reprimida por bens duráveis. As famílias adiaram a troca do carro ou a compra da geladeira”, afirmou Hanson.

O fato de os níveis de inadimplência terem se mantido comportados é um sinal de que a expansão do crédito, com o maior endividamento das famílias, está sendo direcionado para o consumo. O porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso subiu de 22,8% em dezembro de 2018 para 24,5% em dezembro, mas o avanço foi menos intenso do que o visto no endividamento – a proporção de 65,6% de famílias com dívidas é 5,8 pontos superior aos 59,8% de dezembro de 2018.

Hanson lembrou que a recuperação da economia, ainda que lenta, tem sido puxada pelo consumo das famílias e que o ritmo da expansão do crédito tem sido superior ao crescimento da renda. Isso é um sinal de que a alta do endividamento das famílias foi puxada pela queda histórica dos juros, mas o processo pode estar chegando ao fim, já que a maioria dos economistas e analistas veem o ciclo de baixa da Selic perto do fim.

“O crédito está crescendo mais rapidamente do que a renda. O que permite isso é a queda nos juros. Só que isso tem um limite”, afirmou Hanson.

Por isso, a economista espera que, em 2020, uma recuperação mais firme do mercado de trabalho impulsione a dinâmica de consumo, com o avanço da renda puxando a alta do endividamento. Nesse quadro, se espera que novos recordes no porcentual de famílias com dívidas na Peic venham acompanhados de uma estabilização ou de uma queda no nível de comprometimento de renda.

Em dezembro, as famílias comprometeram 29,7% da renda, na média, com dívidas, ante 29,9% em novembro. Foi o menor nível desde junho de 2019, mas, em dezembro de 2018, o nível do comprometimento médio da renda estava em 29,3%.

Agência de notícias do jornal O Estado de S. Paulo.

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