“Alexa, você sabe falar português?” A partir desta quinta-feira, 4, a assistente de voz da Amazon poderá responder sim a essa pergunta. Após meses de espera, o sistema de inteligência artificial da empresa está disponível no Brasil, em mais um passo importante da companhia de Jeff Bezos para fincar os pés por aqui, depois da abertura de um centro de distribuição no primeiro semestre e a chegada do serviço de benefícios Prime no mês passado.
Além da assistente, também chega em breve ao País a família de caixas de som conectadas da americana, a Echo, com preços entre R$ 349 e R$ 699.
A chegada da Alexa ao mercado brasileiro acirra a competição dos assistentes de voz no País. Empresas como Google e Apple já têm os seus Assistant e Siri disponíveis e falando em português há algum tempo. Além da curiosidade, os sistemas são importantes para que o brasileiro possa experimentar a casa conectada – afinal, além de responder a perguntas, assistentes de voz e caixas de som conectadas servem para integrar aparelhos como eletrodomésticos e lâmpadas inteligentes.
Comerciante
Nos EUA, onde as caixas de som conectadas da Amazon são líderes de seu segmento, a Alexa ajuda a empresa a fazer o que lhe tornou gigante: vender produtos. Ao todo, mais de 100 milhões de dispositivos que têm a assistente embarcada já foram vendidos no mundo. Por aqui, no entanto, a Amazon vê o potencial “comerciante” da Alexa com cautela. “Por enquanto, não temos expectativas de vendas, queremos saber o que o brasileiro vai achar dessa ideia”, diz Ricardo Garrido, gerente-geral para Alexa no Brasil.
Só poderá fazer compras com voz quem for assinante do Prime, sistema de vantagens que custa R$ 9,90 ao mês. Além disso, por meio de apps de terceiros, a assistente também executará ações com empresas locais: será possível pedir comida pelo iFood, chamar carros do Uber e realizar transações com Bradesco e Itaú.
“A chegada de caixas de som conectadas deve ser vista com cautela, pois nem sabemos se existe demanda para isso no Brasil”, diz Renato Franzin, professor da USP. “Porém, dentro do contexto do objetivo da Amazon de ser uma grande plataforma no País, faz sentido. São produtos e serviços que impulsionam a necessidade de uso de outros serviços da Amazon”, afirma.
Local
Por enquanto, serão três dispositivos no País: uma caixinha pequena, o Echo Dot, e uma caixa de som com tela, o Echo Show 5. As duas estão em pré-venda e começarão a ser comercializadas na próxima terça-feira. Já o carro-chefe da família, o Echo, chega em novembro. Além disso, também serão lançados no Brasil eletrônicos de outros fabricantes compatíveis com a assistente ou já integrados a ela. Entre eles estão TVs, caixas de som, fones de ouvido, lâmpadas, fechaduras e robô aspirador de marcas como LG, Bose, Positivo e Yale.
Para chegar ao Brasil, a Alexa não só teve de aprender português, mas também a cultura e os sotaques locais – e isso incluiu o que a Amazon chamou de “inglês brasileiro”. Ou seja: a pronúncia aportuguesada de palavras estrangeiras, como “ismartifone” (smartphone). Além disso, haverá um time de humanos ouvindo as mensagens dos usuários para ajudar a treinar a assistente – algo que levantou preocupações sobre privacidade em outros países.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Garrido confirmou que pessoas fluentes em português ouvirão frações dos áudios. “Serão menos de 1% das interações. Esses áudios podem, por exemplo, ser fragmentados em cem pedaços e cada um deles será escutado por um funcionário diferente”, diz. “Toda informação é anônima. Não é possível identificar o usuário.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.