ESTADÃO CONTEÚDO
O mercado brasileiro de startups ganhou mais um unicórnio – empresa de tecnologia avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão. É o QuintoAndar, startup especializada em aluguel de residências: a empresa anuncia hoje uma nova rodada de investimentos de US$ 250 milhões (R$ 1 bilhão). Os aportes são liderados pelo fundo americano Dragoneer, que já investiu no Uber e no Nubank, e pelo SoftBank, grupo japonês sócio de startups como Creditas, Rappi, Loggi e Gympass.
Conhecido por intermediar a locação de apartamentos, dispensando fiador ou caução, o QuintoAndar confirmou ter atingido o status de unicórnio, embora não revele seu valor de mercado. O investimento ocorre dez meses depois de a empresa ter recebido R$ 250 milhões do fundo americano General Atlantic, que também participou dessa rodada.
“Não precisávamos do capital neste momento, mas sentimos que era uma boa oportunidade para acelerar o crescimento”, diz ao Estado Gabriel Braga, presidente do QuintoAndar, empresa fundada por ele e André Penha em 2013. “Os novos investidores são parceiros estratégicos e especializados em ajudar empresas a crescer.”
Na visão de David Kallás, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, acelerar a expansão é necessidade clara de negócios como o QuintoAndar, que conectam duas pontas de um setor. “Como a startup fatura com comissão, o negócio precisa ser gigante para ser lucrativo”, diz o especialista. “Se há espaço para crescer, o melhor a fazer é acelerar.”
Objetivos
Segundo o presidente do QuintoAndar, os recursos serão aplicados em três frentes: ampliar a equipe de tecnologia, consolidar a expansão no País e traçar os planos para iniciar a atuação no exterior. “Ainda estamos fazendo a lição de casa, mas a meta é iniciar operações internacionais em 2020”, afirma o executivo.
Hoje, o QuintoAndar está presente em 25 cidades, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Seu principal mercado ainda é o Estado de São Paulo, mas isso tem mudado – segundo a empresa, 30% dos 4,5 mil novos contratos assinados ao mês já são relativos a outros Estados. “Vamos intensificar a participação nos mercados onde estamos e depois expandir para o restante do País, incluindo Norte e Nordeste”, diz Braga.
Para Luís Gustavo Lima, sócio da empresa de inovação Ace, escolher entre a consolidação ou a expansão territorial é uma tarefa difícil para a startup. “O que ajuda é que o modelo já está bem provado. Agora é preciso seguir a receita de bolo que eles mesmos criaram”, afirma. Na visão do especialista, o QuintoAndar está bem posicionado para a expansão internacional. “O mercado latino-americano sofre de problemas parecidos quanto ao aluguel”, diz.
Nos últimos meses, a empresa tem crescido bastante: o volume de contratos assinados entre janeiro e agosto de 2019 cresceu cinco vezes, na comparação com o mesmo período do ano passado. A companhia saltou de 300 funcionários, no início de 2018, para mais de 1 mil. Para cada imóvel alugado, a empresa fica com o primeiro aluguel (taxa de corretagem padrão no mercado) e com uma comissão que varia entre 6,9% e 8% do valor pago pelo inquilino.
Outra frente que o QuintoAndar pretende atacar são as parcerias com imobiliárias. Nesse modelo, as empresas tradicionais ficam responsáveis por atender os proprietários e captar imóveis, enquanto à startup cabe a tarefa de selecionar inquilinos – com a divisão da comissão acertada caso a caso. “Já temos 15 parcerias nesse sentido e temos tido uma ótima resposta. Vamos ampliar isso”, diz Braga.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.