Uma década de Belo Horizonte. Inúmeras histórias narradas, seja nos jornais por onde passei, seja na mesa de bar. Uma delas, ainda me toca como mineiro apaixonado por essa gente, essa terra, essas serras. Foi me relatado que, anos atrás, durante uma visita turística de um grupo de jovens, de uma das regiões mais pobres do Estado, à monumental Cidade Administrativa, ultramoderna, à beira da MG-010, a caminho do Aeroporto de Confins, entre as inúmeras fotografias dos detalhes dos prédios Minas e Gerais (assim foram batizados as estruturas em curva que abrigam as secretarias)… um aluno tirou inúmeros retratos de um bebedouro.
Sim, um bebedouro comum, até pequeno, que oferecia água normal, fria e gelada. Um equipamento que talvez hoje não custe mais do que 300 reais nas principais lojas online e que estaria na porta da sua casa, mesmo em uma periférica cidade mineira, em menos de uma semana. Talvez frete grátis.
Existem inúmeras interpretações para esse fato, essa visita, essas fotografias. Cabe-me apenas contá-lo, aqui como jornalista, mas com o tom de cronista, mas com a gentileza do poeta que abre a porta e do humano, do espírita, de alguém que anseia pela evolução coletiva não apenas de um Estado, mas da nação e da humanidade. Que até precisa transcender o material, mas que na condição terrena passa por um copo gelado não ser luxo em lugar algum.